Em 2008 o Brasil foi contemplado por um evento de encalhe em massa dos pinguins de Magalhães, com grandes proporções e registros até mesmo no Rio Grande do Norte e no Ceará. Os 366 pinguins que encalharam vivos no Espírito Santo foram atendidos por nós na Organização Consciência Ambiental, que enfrentou grandes dificuldades para atender a enorme e surpreendente demanda. Somando com os pinguins que encalharam mortos nas praias, foram registrados aproximadamente 420 pinguins em nossas águas. Nessa temporada, a sede administrativa da ONG mais uma vez tornou-se um caótico viveiro de pinguins, dessa vez superlotado. As condições improvisadas de manejo e infraestrutura causaram uma elevada taxa de mortalidade, principalmente por doenças fúngicas, tais quais a aspergilose. Centenas de voluntários ajudaram a alimentar e medicar os animais, prestando uma ajuda valiosa e inesquecível.
Posteriormente a Associação de Moradores da Praia da Costa forneceu uma edificação para o tratamento dos pinguins. Nessa ocasião, liderados pela veterinária Iliani Bianchi, formou-se a atual equipe de trabalho que hoje compõe o IPRAM, fortalecida com a visita e o treinamento de representantes do CRAM/FURG. Nossa equipe trabalhava incansavelmente das 6 da manhã às 1:00 da manhã seguinte, todos os dias, adquirindo grande experiência nos cuidados relativos aos pinguins, e aprendendo valiosas lições com os erros cometidos até então. A alta mortalidade dos pinguins demonstrou a total inadequação das instalações fornecidas, apesar de todos os esforços dos voluntários. Um planejamento estratégico para a próxima temporada fazia-se cada vez mais urgente, porém, de um modo geral, ainda não existia a intenção de atender os pinguins do ano seguinte; nem mesmo pela própria Organização Consciência Ambiental, que teve suas forças exauridas e não podia se comprometer com a temporada que estava por vir.
Aproximadamente 70 pinguins foram enviados à Bahia em um avião da TAM, onde se juntaram a outros 300 pinguins reabilitados pelo Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e embarcaram em um avião Hercules C130 da Força Aérea Brasileira, que decolou da Base Aérea de Salvador rumo ao aeroporto de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Lá, ainda passaram por uma triagem no Centro de Recuperação de Animais Aquáticos (CRAM/FURG) e finalmente, foram soltos para que pudessem retornar nadando à sua origem geográfica. Os pinguins restantes no ES permaneceram em cativeiro até irem a óbito, devido a condições ambientais desfavoráveis.