Como ajudar um golfinho encalhado

Ao encontrar um pequeno cetáceo vivo na praia, qualquer pessoa pode ajudar a aumentar suas chances de sobrevivência até a chegada da equipe de resgate. Caso estejam presentes guarda-vidas ou algum agente ambiental neste momento crítico, o ideal é deixar os primeiros socorros por conta destes profissionais e se manter à distância.

No Espírito Santo, telefonar para o Projeto de Monitoramento de Praias 0800-039-5005 ou para o Plantão 24h do IPRAM 27-99865-6975.

Mas caso você seja a única ajuda possível até a chegada do socorro especializado, é importante saber que providências tomar:

1 - Em primeiro lugar, comunique as autoridades competentes em seu Estado. Nunca tente interagir com um cetáceo de grande porte, como filhotes de baleias e odondocetos grandes. Você correrá o risco de ter um membro fraturado, ser esmagado ou até mesmo ser morto (as possibilidades de acidentes são vastas). Informe as condições climáticas, o tamanho do animal e pontos de referência que facilitem a chegada da equipe de resgate.

2 - O mar agitado pode tombar o animal, impedindo-o de respirar. Mas se você não possuir condições físicas ou um mínimo de experiência, não deve arrastar um animal vivo para fora da rebentação, ou poderá machucá-lo e ser machucado. A mobilização destes animais deve ser feita com material próprio por pessoas capacitadas. Caso o tamanho do animal permita, e você esteja apto, posicione-se ao lado do corpo do golfinho e traga-o gentilmente à areia. Caso o golfinho já esteja encalhado na areia, apenas observe e proteja-o com as medidas descritas abaixo, até a chegada dos profissionais. Procure afastar o círculo de curiosos a uma distância que reduza o estresse proporcionado ao animal. Atenção: se a maré estiver calma, a melhor opção é manter o golfinho dentro da água, com o orifício respiratório fora da água.

3 - Se o animal encalhado estiver na areia, posicione-o em decúbito ventral (de barriga para baixo) e cave buracos embaixo das nadadeiras, proporcionando conforto anatômico e facilitando sua respiração. Fora da água o golfinho tem a dificuldade de suportar o peso do seu próprio corpo e não consegue respirar adequadamente.

4 - Cetáceos são mamíferos que respiram ar como nós. Mantenha o corpo do golfinho sempre úmido, mas sem obstruir suas vias aéreas, que ficam no topo da cabeça. Você pode derramar água fresca ou salgada no corpo, tomando cuidado para molhar a cabeça apenas quando a abertura respiratória estiver fechada. Outra opção é cobrir o corpo com panos úmidos, exceto as nadadeiras dorsal e caudal. Evite deixar seu rosto próximo à abertura respiratória, pois animais encalhados podem apresentar doenças infeciosas respiratórias.

5 - Proteja-o do sol com qualquer cobertura disponível. Se ventar muito forte na praia, tente minimizar a passagem do vento com um abrigo, evitando o ressecamento de pele e o incômodo causado pela areia que o vento traz. Cuidado para não machucar o animal com as estruturas construídas; dê preferência a guarda sóis e estruturas leves.

6 - Não manipule o animal o tempo inteiro; não encoste desnecessariamente nele; não ponha a mão em sua boca; não tente alimentá-lo; não passe unguentos ou pomadas em possíveis ferimentos que ele possa apresentar (não o medique de forma alguma!). Proteja-se: tente providenciar máscaras descartáveis em alguma farmácia próxima, para todas as pessoas que estiverem interagindo com o golfinho.

7 - Tome a iniciativa e seja o protetor do nosso paciente. Não deixe que a multidão o manipule para tirar fotos ou encostar de curiosidade. Peça que não gritem perto dele. Procure manter as pessoas a uma distância razoável para que o golfinho não fique estressado, especialmente crianças e animais. Informe a população sobre a possibilidade do golfinho possuir alguma doença infecciosa.



8 - Ao chegarem os responsáveis por atender a ocorrência, contribua com o máximo de informações que puder, desde o primeiro momento em que você avistou o animal (como era o comportamento do animal antes de encalhar, se conseguia nadar ou manter a flutuabilidade, se algum banhista perturbou ou tocou o animal, quanto tempo está encalhado na areia...).

Tomando essas medidas, você aumenta as chances de sobrevivência do golfinho encalhado!

Adaptado por Luis Felipe Mayorga, de:
Geraci JR, Lounsbury VJ. Marine Mammals Ashore - A field guide for strandings. 2005
Cubas ZS, Silva JCR, Catão-Dias JL. Tratado de Animais Selvagens. 2014.
IBAMA/MMA, REMANE. Protocolo de Conduta para Encalhes de Mamíferos Aquáticos. 2005.

Para maiores informações, acesse o site do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMBio).