Por que Golfinhos e Baleias encalham?


Traduzido e Adaptado por Luis Felipe Mayorga
Original: Whale and Dolphin Conservation Society – International: Why Do Whales And Dolphin Strand?
Disponível em: http://www.wdcs.org/stop/strandings/story_details.php?select=94
Acesso em: 21/10/2011


Baleias ou golfinhos encalhados vivos na praia quase sempre correm risco de vida. Eles são indefesos em terra e geralmente morrem dentro de algumas horas ou dias se não recebem atendimento adequado. Em certas partes do mundo, incluindo a Europa, as baleias e golfinhos encontrados em tais circunstâncias geralmente estão solitários, e em sua maioria são velhos, doentes ou feridos. Por outro lado, em outras regiões como a Nova Zelândia, muitos animais encalham em grupos, e a sua maioria (se não todos) parecem apresentar boas condições de saúde.
Encalhes podem ser divididos em várias categorias diferentes, e possíveis causas podem ser sugeridas:

Encalhe Solitário

Quando animais vivos (ou mortos recentemente) são encontrados encalhados, provavelmente por estarem velhos, doentes, feridos e/ou desorientados. Essas ocorrências podem ser o resultado da mortalidade natural, ou talvez tenham relação com afogamento em redes de pesca (Eventualmente as carcaças apresentam marcas características de enredamento, ou até mesmo fragmentos de redes).

Encalhe em Massa

Quando animais pertencentes à mesma espécie encalham em grupo. Normalmente pertencem a espécies com grande coesão social, que seguem um líder. Baleias-piloto são um bom exemplo. Normalmente ocorre quando o líder do grupo comete um erro de navegação, ou um indivíduo tornou-se doente ou ferido e levou o resto do grupo para a praia.
Esses animais também podem ser deliberadamente direcionados à praia em grupo, como no caso da caça às baleias-piloto nas Ilhas Faroé. Doenças também podem levar animais da mesma espécie ao encalhe. Tem ocorrido uma série de episódios recentes de mortalidade em golfinhos na Europa e no Reino Unido, em que golfinhos doentes, mortos e moribundos têm encalhado.
Encalhes massivos de diferentes espécies sugerem que alguma grande perturbação ocorreu no mar, afetando uma vasta área e conduzindo os animais afetados à praia. Este parecia ser o caso nas Ilhas Canárias há alguns anos atrás quando um encalhe em massa de várias espécies de baleia de bico coincidiu com manobras navais offshore. Baleias mortas e corpos de golfinhos próximos à praia em número incomum – em uma ou mais espécies - têm sido freqüentemente encontrados como resultado de interação com a pesca (captura acidental). Se outras espécies além de baleias e golfinhos também estão envolvidas (por exemplo, peixes ou invertebrados marinhos), ou se muitas espécies diferentes vêm à terra em conjunto, a causa pode ser um evento agudo, como um vazamento químico ou explosão.

Erros de navegação

Alguns tipos de costa e algumas linhas de costa em particular são mais sujeitas a encalhes do que outras. Áreas rasas (margens inclinadas compostas por sedimento mole) podem ser um fator predisponente para confundir o sistema de ecolocalização utilizado pelos cetáceos. De fato, encalhes são bastante comuns em litorais com tais características.
Como pode-se perceber, uma combinação de fatores pode levar baleias e golfinhos ao encalhe. Uma teoria para explicar alguns encalhes refere-se ao fato de que eles podem navegar usando o campo magnético da Terra. Cristais de magnetita - que reagem a um campo magnético fraco - foram detectados em cérebros e crânios de algumas baleias e golfinhos e um "sentido" magnético poderia ser uma importante ajuda à navegação, especialmente nas profundezas dos oceanos. Uma análise de encalhes em todo o Reino Unido descobriu que encalhes de animais vivos ocorrem mais frequentemente em regiões onde as linhas de força magnética posicionam-se perpendicularmente à costa. Em outras palavras, os golfinhos ou baleias ficam desorientados por essa anormalidade e seguem as linhas de força magnética em direção à terra.

Animais encalhados, tanto vivos como mortos, podem indicar o estado da população que está no mar. É importante que os animais vivos sejam atendidos de forma adequada. Em muitos casos, eles podem estar em perigo e doentes demais para a recuperação. Portanto, as equipes de resgate necessitam estar preparadas para o pior; a eutanásia é muitas vezes necessária para esses animais. Também é importante que carcaças sejam submetidas a uma completa análise post mortem, sempre que possível.
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Leitura complementar

Mayer, S. 1996. A review of live strandings of cetaceans: implications for their veterinary care, rescue and rehabilitation in the UK. A report for the Whale and Dolphin Conservation Society April 1996: 57 pages.
Klinowska, M. 1988. Cetacean navigation and the geomagnetic field. J. Navigation 41(1): 52-71.
Simmonds, M.P. The Meaning of Cetacean Strandings. Bulletin de l’ Institut Royal Des Sciences Naturelles de Belgique. Biologie, 67-Suppl.: 29-34.