Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) com anzol em esôfago

Em junho de 2016 recebemos uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) com bom escore corporal, pesando aproximadamente 60 kg, porém com problemas de flutuabilidade e um espesso filamento de nylon saindo pela cloaca. O animal encalhou em uma indústria na cidade de Vitória, ES sendo resgatado e encaminhado ao Projeto TAMAR, que por sua vez, acionou o PMP-BC/ES da Petrobras para que nos trouxesse o animal para receber cuidados intensivos. Com o exame radiográfico, descobriu-se que o paciente apresentava um grande anzol de pesca preso em seu esôfago; entretanto, o filamento de nylon não aparece nesse exame e não conseguimos diagnosticar a situação do trato gastrintestinal. No próprio CRAM-ES a tartaruga foi anestesiada e o anzol foi removido pelo nosso amigo, o Médico Veterinário Eduardo Lázaro (Silvestres). Porém, o filamento de nylon continuava preso e teve que ser cortado, confirmando nosso temor: O nylon preso ao anzol era o mesmo nylon que saía pela cloaca. Posteriormente o animal foi a óbito, e ao exame necroscópico observou-se intensa inflamação intestinal (enterite caseosa), causada pelo nylon. Esse foi o desfecho trágico da captura incidental da tartaruga-cabeçuda em atividades de pesca, o que é uma grande ameaça aos indivíduos adultos. Tentando reduzir o impacto dessas capturas não-intencionais, o Projeto TAMAR possui iniciativas como um programa de educação ambiental e orientação aos pescadores, e a promoção do uso de anzóis circulares "G" ao invés dos anzóis tipo "J", o que pode reduzir a captura de tartarugas marinhas em até 60%.

O Centro de Reabilitação de Animais Marinhos do Espírito Santo é resultado da parceria entre o IPRAM e o IEMA, do Governo do Estado do Espírito Santo.

O incremento no atendimento às tartarugas marinhas através do PMP-BC/ES da Petrobras é resultado de uma condicionante de licenciamento ambiental conduzida pelo IBAMA, com o apoio do Projeto TAMAR (ICMBio).