Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) com anzol em esôfago


Em julho de 2016 recebemos uma enorme tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) pesando 110 kg, com um espesso filamento de nylon saindo pela cloaca. Já era a terceira tartaruga-cabeçuda recebida no CRAM-ES em um mesmo período, entre junho e julho, o que deu bastante trabalho a nossa equipe. Pelo filamento de nylon saindo da cloaca, imaginamos que o paciente apresentaria um anzol alojado no esôfago, o que realmente era verdade. Infelizmente o animal foi a óbito em poucos dias, e todo o caso foi confirmado em exame necroscópico. Nesses casos, o principal problema não é o anzol em si, que causa uma inflamação apenas local. O problema é o filamento de nylon preso ao anzol, que é levado pelo intestino através dos movimentos peristálticos, e por estar preso ao anzol, fica tracionado ao sair pela cloaca. Enquanto o nylon está esticado, o intestino continua realizando movimentos peristálticos ao seu redor, e fica completamente pregueado. A mucosa intestinal sofre reação inflamatória pelo contato com o nylon e o alimento não consegue passar. Esse foi, pela segunda vez em menos de um mês, o desfecho trágico da captura incidental da tartaruga-cabeçuda em atividades de pesca, o que é uma grande ameaça aos indivíduos adultos. Tentando reduzir o impacto dessas capturas não-intencionais, o Projeto TAMAR possui iniciativas como um programa de educação ambiental e orientação aos pescadores, e a promoção do uso de anzóis circulares "G" ao invés dos anzóis tipo "J", o que pode reduzir a captura de tartarugas marinhas em até 60%.

O Centro de Reabilitação de Animais Marinhos do Espírito Santo é resultado da parceria entre o IPRAM e o IEMA, do Governo do Estado do Espírito Santo.

O incremento no atendimento às tartarugas marinhas através do PMP-BC/ES da Petrobras é resultado de uma condicionante de licenciamento ambiental conduzida pelo IBAMA, com o apoio do Projeto TAMAR (ICMBio).